Tecnologia petrolífera rumo ao centro da Terra

Uma pesquisa datada de 1961, cujo objetivo era estudar o centro da Terra, ajudou no desenvolvimento da atividade petrolífera. Agora, o avanço da mesma indústria, que perfura profundidades cada vez maiores, é a base para a retomada da investida rumo ao núcleo terrestre. Em artigo da revista científica Nature, as tecnologias do setor de petróleo são dadas como suficientes para romper o limite da crosta do planeta e apurar o conhecimento da estrutura da Terra, do funcionamento dos terremotos e das particularidades da atividade de extração mineral. Mas seria possível ampliar os resultados da exploração petrolífera para atingir o Manto, que representa 68% da massa terrestre, retomando o chamado projeto Mohole?

Na opinião do Professor de Pós-Graduação e Graduação em Engenharia de Petróleo da Estácio, Elmar Mourão, tudo depende da motivação para o projeto. "Não se pode nunca dissociar o aspecto financeiro da indústria. Hoje se vai nessa profundidade porque tem petróleo e um retorno financeiro muito grande", diz ele, explicando que no pré-sal brasileiro já se chegou a cerca de 7 km de perfuração, em lâmina d'água de 2 km. Apesar das diferenças, o modelo exploratório do pré-sal serve de exemplo para o Mohole pelos resultados alcançados, diante das barreiras vencidas. "O sal pode ser quebradiço, ou seja, muito duro e não maleável. Se quebrar, há problema de perda de petróleo e do reservatório. Por outro lado, se for muito mole e não quebradiço, conforme se vai perfurando o sal se fecha, acaba prendendo a broca e provocando uma série de problemas mecânicos. Em uma perfuração convencional, em uma rocha mais dura,isso ocorre em menor escala", detalha o professor Elmar