Consciência ambiental, consumo sustentável, Como trabalhar o Ensino?


Introdução

Para começar temos que fazer uma escolha: optar entre o capitalismo selvagem ou os preceitos da Agenda 21 (aprovada na Rio 92), que procura harmonizar desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, assegurando um permanente respeito e cuidado com a Biodiversidade.
Para tal escolha devemos rever alguns dados: existe no Brasil aproximadamente 35 mil latifúndios com área superior a 1000 hectares cada, o que significa uma área improdutiva de 153 milhões de hectares (correspondente à soma dos territórios da França, Alemanha, Espanha, Suíça e Áustria). As áreas com menos de 10 hectares representam quase 53% das propriedades rurais e ocupam menos de 3% da área total. Os latifúndios com mais de 1000 hectares representam menos de 1% dos estabelecimentos rurais, mas ocupam 43,8% da área total. Tais informações nos mostram como o Brasil vê a sua situação latifundiária. Quanto à Biodiversidade podemos observar que o Brasil é um dos países mais ricos em fauna e flora no conjunto dos seus Ecossistemas (Floresta Amazônica, Pantanal, Caatinga, Mata Atlântica, Campos, Zona Costeira e Marinha); mas através de ações do Homem gradativamente esses Ecossistemas estão sendo destruídos. Portanto temos problemas antigos para serem resolvidos como: reforma agrária; diminuição da Biodiversidade pela exploração dos recursos naturais; poluição dos rios, mares, lagos, lagoas e do ar; crise energética; a fome (num país tão rico), etc.
Para todos estes problemas existe uma grande quantidade de leis (o Brasil apresenta boas leis sobre o Meio Ambiente), mas acontece que algumas são cumpridas integralmente, outras parcialmente e outras não são cumpridas. Temos, portanto uma série de problemas que os Governos têm que tentar resolver a fim de que o Brasil não se torne um país de 4º mundo, isto é, muito abaixo da linha de pobreza; toda a Sociedade deve participar dessa mudança, com toda a integração possível.

Mas enquanto esperamos do Governo soluções dos grandes problemas nacionais, o que nós professores podemos fazer? Pois somos os melhores agentes de transformações sociais. Podemos criar entre nós e principalmente nos alunos, uma consciência ambiental; pois eles têm que saber que temos que cuidar desta nave chamada Terra; a fim de que possamos deixar paras as outras gerações um lugar com possibilidade ainda de vida.
"Atualmente, mais do que nunca, precisamos de imaginação e criatividade de todos para que a Sociedade atravesse uma transformação maciça, necessária ao surgimento de uma Sociedade Planetária". (Margaret Mead)
De certa forma, todos nós somos educadores ambientais, e como disse o Professor Marcos Sorrentino, em 1997:
"Todo indivíduo que coloca para si o desafio de implementar a mudança de comportamento, essencial para que o Planeta Terra possa sobreviver e oferecer condições de vida para pessoas que ainda não nasceram ou que já nasceram mas estão excluídas de qualquer benefício."Portanto, podemos pensar a nossa realidade e traçar caminhos para passar dos problemas à conquista dos sonhos, através da Educação Ambiental.

A Educação Ambiental ocorre em três áreas:

Educação Formal:
É a que se desenvolve na escola, que apresenta um currículo oficial e um currículo oculto, e que a soma dos dois forma o currículo real.

Educação Não-Formal:
É a que se direciona a comunidade e onde cabe uma grande diversidade de propostas, e que tem como objetivos a melhoria da qualidade de vida da comunidade e também o fortalecimento da cidadania. Como exemplo disso, está nos: "5 menos que são 5 mais", slogan criado para identificar cinco atitudes que geram economia nos custos empresariais e, ao mesmo tempo, diminui o abuso do uso dos recursos naturais:

1 - Economia de energia,
2 - Combate ao desperdício de matérias-primas,
3 - Economia de água,
4 - Redução da poluição do ar ou sonora e
5 - Coleta seletiva e reciclagem do lixo.

Educação Informal:
É aquela transmitida informalmente, como o próprio nome diz e ocorre através das notícias dos jornais, rádio ou TV, de filmes ou vídeos, por um trabalho artístico, uma peça teatral, um livro, ou ainda por campanhas publicitárias, educativas ou fiscalizadoras.

Educação Ambiental só é eficiente quando trabalha três esferas ou domínios.

ESFERA COGNITIVA:
É o campo do conhecimento onde a pessoa recebe as informações básicas sobre os temas que estão sendo trabalhados, sobre a área natural e o mundo construído pelo ser humano. Quanto maior conhecimento houver sobre o assunto, maior será o amor.

ESFERA AFETIVA:
É simbolizada pelo amor pela mãe-natureza. Sem ela a Educação Ambiental perde efetividade, pois é através da esfera afetiva que as pessoas se sensibilizam para agir em favor do ambiente e de um mundo sustentável.

ESFERA DO DOMÍNIO TÉCNICO:
Para exercer o desenvolvimento sustentável não bastam as informações teóricas, ou gostar da questão. Deve-se conhecer formas para transformar a teoria em prática. Por isso, a transmissão deste conhecimento é fundamental, como parte da Educação Ambiental.

Não existe uma única regra para trabalhar em Educação Ambiental, tanto na Educação Formal como na Não-Formal.
Como exemplo, uma proposta do educador Paulo Freire está no uso das duas siglas (NIPS e UAIS):
- NIPS significa - NECESSIDADES/INTERESSES/PROBLEMAS, que na prática, significa que o educador deve partir da realidade local, estudando as necessidades, interesses e problemas vividos pelo público-alvo. Em função disso, estabelecem-se as UAIS.
- UAIS significa - UNIDADES DE APRENDIZAGEM INTEGRAIS que, na prática, consistem basicamente na seleção de um ou mais temas centrais que façam parte das necessidades, interesses e problemas do público-alvo.

Isso será o ponto de partida para trabalhar as três esferas: Cognitiva, Afetiva e Domínio Técnico, facilitando o trabalho interdisciplinar, usando como base às questões locais e valorizando as experiências da comunidade local, que são princípios da Educação Ambiental.

A Educação Ambiental trabalhada desta maneira faz com que a "poeira levante", para as pessoas porem a "mão na massa", "mudarem o mundo", partirem de "baixo para cima".

A melhoria da aprendizagem só ocorre quando fazemos trabalhos interdisciplinares, através de grandes temas, a fim de que o aluno comece a ter conhecimentos, habilidades, competências e valores muito mais amplos.
Isto é o que chamamos de Educação Libertadora e cujo principal objetivo não é apenas educar as pessoas para que elas atinjam níveis mais elevados e sim contribuir para a transformação social, tornando as pessoas iguais, e que todas tenham as mesmas possibilidades de alimentação, estudo, casa, etc. Esta Educação Libertadora produz nos indivíduos uma consciência de maior cidadania; inclusive a Consciência Ambiental.

Para um trabalho de Educação Ambiental é necessário conhecer as fases que denominamos de P.P.P: PLANEJAMENTO,PROCESSO e PRODUTO.

- Qual a nossa realidade local?
- O que a gente quer fazer? (esses são os nossos objetivos)
- Quais os recursos que já existem?
- Quais recursos que são necessários?
-Vamos criar atividades (visitas de campo, jogos, material didático, campanhas, palestras etc.)
- Precisamos criar materiais didáticos ou podemos adequar os que já existem?
- Como vamos montar nosso cronograma de atividades (quanto tempo a gente vai gastar em cada etapa?)
- Nosso pessoal precisa ser treinado?
-Nossos objetivos foram alcançados?
- Os resultados mostram o que precisamos mudar no cronograma?
- Quem sabe se mostrarmos nossos resultados conseguiremos apoio para a continuação do programa ou a criação de novos?
- Como podemos divulgar os nossos resultados?

Todo o resultado é importante: devemos tentar aprender com todas as experiências, boas e ruins. Se tivermos sucesso, ótimo. Mas se não saírem como queríamos, não quer dizer que a experiência não foi válida. Devemos buscar entender o porquê isso ocorreu, para não repetir o erro.

Conceitos básicos:
Devemos lembrar os três conceitos básicos relativos a lixo, que são conhecidos como os 3R: Redução, Reutilização, Reciclagem.

1 - Redução
- Diminuição do consumo;
- Comprar produtos duráveis;
- Adotar um consumo mais racional;
- Dividir com outras pessoas materiais como: jornais, revistas, livros, etc.


2 - Reutilização
Recuperação de móveis e objetos;
Embalagens para outros usos (caixas de sapato, sacos de supermercado, potes etc.); e
Roupas, sapatos, brinquedos (utilizados por outras pessoas).

3 - Reciclagem
- Após a coleta seletiva são encaminhados para as indústrias de reprocessamento. (Jornais, vidros, plásticos, alumínio, outros metais).

Dos três R é necessário entrarmos em detalhes sobre a reciclagem, pois ela além da melhoria do meio ambiente é a que produz grande volume de dinheiro e emprega um grande contingente de trabalhadores.